sábado, 5 de novembro de 2011

MAÇONARIA E JUSTIÇA SOCIAL

MAÇONARIA E JUSTIÇA SOCIAL
Admiro duas instituições na humanidade: uma é o cristianismo, outra, a Maçonaria. A primeira é divina; a segunda é a obra mais perfeita que o homem compôs. – Joaquim SALDANHA MARINHO.

Os mais eruditos historiadores maçônicos ainda não chegaram a uma definição quanto a data certa de fundação da Instituição Maçônica, cuja origem perde-se nas noites do tempo.

Cada um tem sua própria opinião, chegando-se, muitos, à conclusão de que ela existe desde que a família sentiu necessidade de se congregar em sociedade, para a defesa de seus ideais.

Se voltarmos nossos olhos para o passado longínquo, encontraremos nas trevas brumosas do tempo, os Obreiros dedicados, em lutas constantes contra o poderio do mal. Podemos dar a esses agrupamentos de homens, os nomes mais variados, porém, a essência, os objetivos, os fins almejados, são os mesmos: sempre a procura da verdade e a defesa da família, da pátria e da humanidade, contra aqueles que têm buscado, tão-somente, o aniquilamento dos supremos ideais de liberdade, de progresso, de mudanças e transformações, graças ao processo de esclarecimento dos menos esclarecidos, da educação e até mesmo das lutas pela preservação dos direitos mais comezinhos de se viver livre e independente, buscando, a cada dia, novos progressos sociais.

Assim é que, deixando para trás os egípcios, os fenícios, os medas e persas, os chineses e indianos, chegamos a escola dos essênios, com novos e reais ensinamentos, principalmente com um brado ao mundo de que “Todos somos Irmãos”.

A respeito dessas sociedades antigas, escreveu Cícero, o grande orador romano: “Foram os mistérios que nos tiraram do estado bárbaro e feroz que dominava os nossos antepassados. É o maior bem que, entre outros muitos, nós devemos a cidade de Atenas; é de lá que nós aprendemos não só a viver com júbilo, mas também a morrer tranqüilos, na esperança de um porvir mais feliz”.

Passamos pela idade media, pagina negra da historia universal, com a implantação da mais tremenda e horripilante intransigência clerical – através do Tribunal do “Santo Ofício”, mas conhecido pela famigerada “Inquisição”.

Foi nesse período que a ação da Maçonaria mais se fez sentir, defendendo os huguenotes na França, Bélgica e Suíça, abrigando-os na Holanda e Alemanha, contra a sanha sanguinária dos Torquemadas.

Na Europa, principalmente em Portugal, é ela que corre em socorro dos infelizes e sacrificados judeus. É ela, ainda, que sentido nas próprias carnes a tirania feudal, parte, em nome do direito das gentes e da igualdade dos povos, para uma luta tenaz e titânica, que vem culminar com a derrubada de um dos grandes monstros que infelicitavam a humanidade – através da queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789. Foi seu período de grandiosidade, em que a DECLARAÇAO DOS DIREITOS DO HOMEM criou os ideais sagrados de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, que vieram a se constituir nos supremos fins da Instituição.

As Nações Européias em fragmentação precisavam ser salvas e justamente a América é que demonstrou a grande capacidade de poder da Instituição Maçônica, através de extraordinários libertadores, desde San Martin a Bolívar, Moreno a Juarez, que foram Maçons e basearam suas lutas nos ideais maiores da Instituição.

Chegamos ao Brasil!

Que historia gloriosa e exemplos de brasilidade nos foram legados pelos cultores da Arte Real, desde os primeiros vagidos de nossa Independência.

Iniciados em Lojas Maçônicas européias, para cá vieram as primeiras luzes maçônicas e orientações básicas, visando nossa libertação do domínio português, iniciando-se os primeiros movimentos armados com a Insurreição Mineira de 1789. A Revolução Pernambucana de 1817, baseada nos mesmos princípios da antecessora, que teve em ilustres Maçons e homens públicos de então, o afogamento em sangue, dos sentimentos sagrados de Liberdade.

Não desanimados com os insucessos obtidos, os Maçons se insurgiram no Pará, no Rio Grande do Norte, no Ceará e na Bahia, com a “Sabinada”, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, com a “Guerra dos Farrapos”.

Foram movimentos armados, dos quais participaram somente os homens, cuja grandeza de espírito e cunho de moralidade, foram moldados nos Templos Maçônicos, que exigiam de seus Iniciados, entre outras, a promessa de luta constante e sem tréguas, visando alcançar a nossa Independência.

Objetivando acelerar o processo de Independência, por habilidade e interesse dos Maçons, D. Pedro I foi Iniciado na Maçonaria e imediatamente guindado a direção suprema do Grande Oriente do Brasil.

Finalmente em 1822 a Independência foi alcançada.

Não parou aí a nossa atuação.

Comemoramos o Centenário da Abolição da Escravatura, e quem desconhece o papel desempenhado pela Maçonaria na Campanha da Abolição?

Já o poeta Castro Alves, Maçom convicto e absorvido pelos ideais de liberdade pregados pela Maçonaria, bradava ao mundo contra a opressão, como fazem provas seus poemas, dos quais destacamos parte de O Navio Negreiro onde ele clama:

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

E dentro da cronologia histórica brasileira sobre a Extinção da Escravatura, todos os acontecimentos desde 1826 a 1888, tiveram a participação da Maçonaria, quer direta ou indiretamente, através de seus membros que ocupavam altos cargos no Império, culminando com a participação do Maçom Rodrigo Augusto da Silva, Ministro da Agricultura, que compareceu perante a Câmara, onde leu:

Augustos e Digníssimos Senhores Representantes da Nação: Venho em nome de sua Alteza e Princesa Imperial Regente, em nome de sua Majestade o Imperador, apresentar-vos a seguinte proposta:

Art. 1º - É declarada extinta a escravidão no Brasil

Art. 2º - Ficam revogadas as disposições em contrario.

Palácio do Rio de Janeiro, em 8 de maio de 1888.

Rodrigo Augusto da Silva.

O projeto foi aprovado pela Câmara e pelo Senado e no dia 13 de maio de 1888, foi convertido em Lei, tomando o nº. 3353, com a assinatura da Princesa Isabel, Regente, que daquele momento em diante passou a ser cognominada de a Redentora, isto devido a ausência do Imperador, que viajava para a Europa.

Assim foi a luta da Maçonaria e tem sido até os dias presentes, pois onde existir uma Loja Maçônica, aí estará um núcleo de defesa dos sagrados ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Hoje, busca ela, com mais empenho, a Justiça Social.

Por que Justiça Social? Por compreendermos que os homens só serão verdadeiramente livres, quando forem todos nivelados socialmente.

No campo internacional é inquestionável a atuação da Maçonaria, desde a Revolução Francesa e outros acontecimentos de repercussão mundial, como a Carta das Nações Unidas, promulgada em 26 de junho de 1945, em cujo Preâmbulo, lemos:

Nós, os Povos das Nações Unidas, Resolvidos a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e, ...

E Para Tais Fins praticar a tolerância e viver em paz, uns com outros, como bons vizinhos, e ...

Resolvemos Conjugar Nossos Esforços Para a Consecução Desses Objetivos.

Em vista disso, nossos respectivos governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e devida forma, concordam com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de NAÇÕES UNIDAS.

Três anos depois, a 10 de dezembro de 1948, na Sessão Ordinária da Assembléia Geral das Nações Unidas, foi aprovada a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM, que diz em seu inicio:

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo.

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso.

Agora, portanto, a Assembléia Geral proclama a presente

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM

Como o ideal comum a ser atingindo por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada individuo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Art.I – Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Art. II – 1. Todo homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Art. III – Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Art. IV – Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o trafico de escravos serão proibidos em todas as suas formas...

Seguem-se outros artigos de igual valor e importância.

Quais os verdadeiros objetivos da Maçonaria?

Rebold, in History of Masonry, responde assim:

O verdadeiro objetivo da Maçonaria pode resumir-se nestas palavras: desfazer nos homens os preconceitos de casta, as convencionais distinções de cor, origem, opinião e nacionalidade, aniquilar o fanatismo e a superstição, extirpar os ódios de raça e com eles, o açoite da guerra, em uma palavra chegar pelo livre e pacifico progresso, a uma fórmula e modelo de eterna e universal justiça, segundo a qual, todo ser humano possa desenvolver livremente as faculdades de que esteja dotado e possa vir a concorrer cordialmente e com todas as forças para a comum felicidade dos seres humanos, de sorte que a Humanidade venha a ser uma só Família de irmãos unidos pelo afeto, cultura e trabalho.

Assim é que a Constituição do Grande Oriente do Brasil, em seu Preâmbulo, estabelece como Princípios Gerais da Instituição:

Art. 1º. A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista. Proclama a prevalência do espírito sobre a matéria. Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade. Seus fins supremos são: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE.

Além disso:

I – Condena a exploração do homem, os privilégios e as regalias, enaltecendo, porém, o mérito da inteligência, e da virtude, bem como o valor demonstrado na prestação de serviços à Ordem, à Pátria e à Humanidade;

II – afirma que o sectarismo político, religioso ou racial é incompatível com a universalidade do espírito maçônico. Combate a ignorância, a superstição e a tirania;

III – proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um;

IV – defende a plena liberdade de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser humano, admitida a correlata responsabilidade;

V – reconhece o trabalho como dever social e direito inalienável; julga-o dignificante e nobre sobre quaisquer de suas formas. . .

Baseados nesses princípios, é que as Lojas Maçônicas, como luzeiros da comunidade, buscam através da atuação de seus membros, praticar os atos necessários, para que a justiça social seja fato presente e constante em nossas atividades, pelo trabalho desinteressado de seus Iniciados.

A Maçonaria hoje, mais evoluída e cristianizada – resume sua filosofia na tríade sublime: VERDADE, BELEZA E BONDADE; seu ideal político, nas palavras: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE, englobando tudo, enfim, em: DEUS, VIRTUDE e CIÊNCIA.

Assim é que conhecendo a origem igual de todos nós, da necessidade de nos congregarmos em comunidade, para aproximação sincera e justa, urge que sejamos unidos, assistindo uns aos outros, dentro dos postulados que nos regem, deitando por terra as barreiras que dividem os homens, como o orgulho, a inveja, a ambição, a avareza e outros males, buscando legar aos nossos pósteros, exemplos dignos de imitação.

E isso temos feito. Escolas são erguidas e sustentadas. Abrigos para amparo da velhice; asilos para alienados, lar para meninas e institutos para meninos, são obras diversas mantidas por Maçons, buscando auxiliar as instituições publicas, na elevação do conceito moral da família e na justa compreensão de que apesar de tudo ainda existe “Justiça Social”.

Onde houver um maçom, seja no Congresso Nacional ou nas Assembléias Estaduais, nos Legislativos Municipais ou nas Repartições Públicas, nos Consultórios Médicos ou nos Tribunais, nas Escolas ou no Comercio, enfim, onde quer que ele se apresente, aí estará o pregoeiro da paz e da Justiça Social, através do exemplo, do trabalho, da moralidade no trato da coisa publica e da preservação dos bons costumes.

Pelas razoes expostas, dizemos que a maçonaria é símbolo de justiça, de defesa dos sagrados princípios norteadores da família e sobretudo, escola forjadora de moralidade e bons costumes, e que busca, incessantemente, implantar a paz, a harmonia e a concórdia, para a grandeza e prosperidade da nação, da qual somos parte integrante.

ABSAÍ GOMES BRITO
Membro da Loja Maçônica Liberdade e União 1158
Goiânia - GO

Fonte: http://www.gobgo.org.br/cultural/2009/justica.html

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